"Uma pessoa pode ter uma infância triste e mesmo assim chegar a ser muito feliz na maturidade... Da mesma forma pode nascer num berço de ouro e sentir-se enjaulada pelo resto da vida."
(Charles Chaplin)
Olá prezados leitores, tudo bem? Hoje irei abordar pela primeira vez um pouco da minha trajetória e alguns aspectos pessoais que hoje moldam a minha capacidade de interpretar o mundo a minha volta.
Eu nasci numa família classe média baixa que passou por alguns altos e baixos na vida, talvez mais altos do que baixos. Tanto meu pai quanto minha mãe vieram de uma família muito pobre e numerosa, e talvez estas adversidades na vida fizeram com que os meus pais assumissem responsabilidades muito cedo, principalmente dando valor ao estudo e ao trabalho.
Além de possuirem um estilo de vida simples, não trocarem de carro frequentemente, morarem na mesma casa a mais 40 anos e não possuirem dívidas, eles me mostraram que a vida se torna mais fácil pra quem trabalha e se dedica. Além disso, me explicaram a importância de poupar para alcancar os objetivos e tomar riscos quando necessário. Irei abordar alguns pontos da minha infância e adolescência ressaltando alguns pontos que me marcaram.
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Infância e Adolescência do Aportador |
Infância
A alta inflação na década de 1980 foi que algo me marcou profundamente. Mas peraí Aportador, como uma criança saberia o que era inflação? Meu pai tinha um pequeno comércio e eu sempre gostava de ir fazer as compras com ele, aprendia a fazer as contas de cabeça, calcular a margem de lucro e observava a quantidade de gente que comprava "fiado" porque não tinha dinheiro. E quando as pessoas recebiam o salário, elas queriam estocar o máximo de mantimentos até o final do mês.
Naquela época, o comércio do meu pai tinha muito estoque e muito movimento em relação aos tempos atuais, pois naquela época não havia grandes supermercados nem cartão de crédito.
Pelo fato do meu pai ter uma família muito numerosa, ele resolveu abrir uma empresas prestadora de serviços para empregar os irmãos e manter a família unida. Não preciso nem dizer que administrar uma empresa familiar sendo chefe dos irmãos não iria dar muito certo. Aproveitando o aumento das receitas da empresa, meu pai comprou um terreno perto da casa onde morávamos, reformou a nossa casa e conseguiu comprar tudo necessário para empregar todos os seus irmãos na prestadora de serviços.
Enquanto isso eu estudava em uma escola particular, mas nunca viajava ou tinha brinquedos caros, pois eu brincava na rua e ficava um pouco no comércio. Como eu tinha a real noção de quanto era difícil para conquistar as coisas na vida, sempre tive a convicção que o estudo seria um alicerce para ter um padrão de vida melhor.
Lições aprendidas na infância:
- Em um cenário de alta inflação, rendimentos de empresas (ações) tem uma perfomance melhor que quem recebe salário (renda fixa).
- Não tente carregar a sua família nas costas, ajude na medida do necessário mas não tente carregar a cruz de ninguém. Empresa familiar deve seguir o seguinte ditado popular: "Família, família, negócios à parte".
- Se você quer melhorar de vida, estude e confie no seu potencial.
- Quando eu queria algo que meus pais não podiam me oferecer eles me falavam: "Estude bastante, trabalhe para conquistar suas coisas no futuro".
Adolescência
Neste período aconteceu algo que nos marcou profundamente. Durante a dédaca de 1990, meu irmão mais velho se tornou pai precocemente e não tinha completado os estudos pois não teve interesse em estudar. Meu pai resolveu chamá-lo para trabalhar na prestadora de serviço (era uma pequena tranportadora).
O maior cliente da pequena transportadora era uma construtora que estabeleceu o regime de permuta, ou seja, os carros trabalhavem e em troca receberiam um imóvel (na planta). Pois bem, depois de ter pago dois imóveis na planta e tendo recebido apenas um, a construtora entrou em falência e
ninguém recebeu nada, literalmente nada!!! (Não existia a
lei do patrimônio de afetação).
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Situação do imóvel após a falência da construtora (Imagem ilustrativa) |
Não foi por falta de aviso, pois os diretores da empresa deram algumas dicas antes da construtora falir. Neste mesmo momento, o meu pai estava alavancado por ter investido na compra de mais um ativo para a empresa.
Me lembro como foram esses períodos na minha família, mas embora o momento fosse delicado, meus pais já passaram por momentos mais difíceis. Eu tive que sair da escola particular e passei para escola pública. O único "luxo" que eu tive foi continuar na escola de inglês.
Depois de algumas negociações, a construtora pagou com alguns materiais de construção. Com este material, meu pai resolveu começar a construir imóveis simples para aluguel no terreno que comprou na década anterior.
Embora possa ter vivenciado estas experiencias de empreendorismo de perto, minha família me passava as orientações existentes na mentalidade do "Pai Pobre" do livro
Pai Rico, Pai Pobre :
"Estude, faça uma faculdade e arrume um bom emprego". Eu até entendo o ponto de vista deles, mas naquele momento da adolescência eu não tinha maturidade suficiente e estava interessado em outras coisas.
Lições aprendidas na adolescência:
- Diversifique o risco da sua carteira. Meu pai estava altamente concentrado com um único fornecedor e ainda estava alavancado investindo em ativos da empresa.
- Esteja preparado para as adversidades. Por pior que sejam naquele momento, acredite que você pode superá-las.
- Busque fontes alternativas de renda. Pois ao receber o material de construção como forma de pagamento, resolvemos construir imóveis simples para gerar renda de alugueis.
- Não tenha filhos precocemente na sua vida, pois isso pode influenciar negativamente tanto a sua vida quanto do(s) seu(s) dependente(s).
Considerações finais
É claro que naquele momento eu não tinha a visão que tenho hoje, mas é importante analisar as lições aprendidas de algumas fases da sua vida. Se hoje estou onde estou, devo muito aos meus pais.
Pretendo abordar as demais fases da minha vida, sempre colocando alguns fatores que possam ser úteis para as pessoas que estejam começando a sua jornada para não incorrerem nos mesmos erros.
Até a próxima, grande abraço.