21 de janeiro de 2018

Estamos em um ciclo de alta das Commodities?

"In a commodity business, it's very hard to be smarter than your dumbest competitor." 
(Warren Buffett)

Olá meus amigos da blogosfera financeira, tudo bem? Atualmente nós investidores devemos sempre estar bem informados dos próximos movimentos do mercado, embora sabemos que isto é quase impossível de se fazer. E como podemos buscar melhores informações para montar as nossas premissas? Eu recomendo utilizar o twitter. Através do twitter, eu sigo gestores de alguns fundos de ações, tais como: Henrique Bredda do Alaska Asset Management, o Fernando Luiz da Trópico Investment, Pedro Cerize da Skopos Investimentos, entre outros.

Um tópico interessante levantado pelo Henrique Bredda é que estamos em ciclo de alta das Commodities. Em primeiro lugar, o que são commodities? São produtos que funcionam como matéria-prima, produzidos em escala e que podem ser estocados sem perda de qualidade, como petróleo, minério de ferro, cobre, café, soja, açucar, algodão, ouro, etc.

Para entender melhor, vamos observar o passado e identificar onde estamos agora através da figura abaixo.
Relação entre o preço das commodities e o S&P 500.
O gráfico mostra a relação entre o S&P GSCI, que mede os movimentos de preços e a inflação na economia mundial, possuindo forte correção com as commodities mais líquidas no mercado futuro, e o S&P500, que representa as 500 maiores empresas do mercado americano. Podemos inferir que estamos em um momento de máxima histórica das ações (retorno anualizado em 10 anos de +7,81%) enquanto que as commodities tiveram um desempenho muito abaixo da média (retorno anualizado em 10 anos de -9,81%).

Mas em que momentos do ciclo nós estamos? Podemos observar a figura abaixo o ciclo das commodities desde 1970 através do benchmark S&P GSCI.
Ciclo das commodities desde 1970.
E quais fatores adicionais podem corroborar com esta hipótese?

Fraqueza do Dolar

De acordo com as excelentes análises do excelente blogueiro Finanças Inteligentes, enquanto as bolsas americasnas renovam as máximas, o dólar renova as mínimas em relação as outras cestas de moedas.

Além disso, de acordo com Jim Richards  autor do livro The Road to Ruin, tanto China quanto Rússia estão aumentando as suas reservas em ouro para fortalecer o mercado futuro de commodities em yuan de forma a desafiar o dólar, mais detalhes aqui. Em resumo, dólar forte = commodites baratas em dolar e vice-versa.

Alteração oferta/demanda geram grandes oscilações

De junho/2014 até janeiro/2016 o preço do barril de petróleo caiu 80%  saindo de USD110 para USD22. Será a que o mundo diminuiu drasticamento o uso de petróleo em um ano e meio?

Quando era 2008, o Goldman Sachs previu o barril do petróleo em USD 200 (fonte) e todos acreditaram. Sabemos que o petróleo é custo de produção para quase tudo, então todo mundo queria compra Petrobrás a R$ 85,00 naquela época (atualmente está R$ 18,26).

Buffettização dos gestores brasileiros

Todos gestores querem ser Warren Buffet, porém o fato do gênio de Omaha falar que não investe em commodities (fonte) faz com que um grupo ações cíclicas fiquem fora do radar da maioria dos gestores brasileiros. Investir em empresas resilientes que foram muito bem nos ultimos anos (ITUB, LREN, ABEV) faz com que a grande parte das empresas cíclicas sejam negociadas muito abaixo de um valor justo.

Quando um gestor erra numa empresa defensiva, ele não perde muito dinheiro. Porém, quando perde em empresas de commodities/cíclicas, que são naturalmente mais voláteis, isto pode custar caro para a cota fundo gerando problemas de captação futura.

Conclusão

Em primeiro lugar, esta pequena sequência de tweets do @hbredda foi uma verdadeira aula. Gostaria de parabenizá-lo por ser trazer este assunto de forma muito didática.

Se o mundo está em crescimento, vai precisar de mais matérias-primas básicas e o Brasil é um grande produtor/exportador de commodities. Independente de quem vença a eleição de 2018, para alguns gestores globais o ciclo de alta das commodities já começou.

De agora em diante, pretendo analisar com mais detalhes algumas empresas que podem entrar na minha carteira, mas por enquanto não tenho nenhuma estratégia definida. E você prezado leitor, você está considerando aumentar a alocação em empresas cíclicas/commodities na sua carteira, diminuindo as empresas mais defensivas? 

Grande abraço, até a próxima.

Observação: Se você deseja se aprofundar neste assunto, recomendo a leitura do artigo An Investment Only a Mother Could Love: The Case of Natural Resources Equities.

13 comentários:

  1. Excelente post. Eu tbm acompanho no Twitter esses mesmos gestores comentados na matéria. A sequência dos 14 tweets do Breda foram um show à parte. Parabéns pelo ótimo blog.

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  2. Obrigado pela visita Reverson,

    Há muitos insights interessantes no twitter, vale a pena registrar esses insights e acompanhar mais de perto. Talvez eu acrescente o ETF (NYSEARCA:GNR) na minha carteira de ETFs no exterior pois está alinhado as maiores empresas ligadas as commodities.

    O prospecto deste ETF está em https://us.spdrs.com/en/etf/spdr-sp-global-natural-resources-etf-GNR e é commission free na TD Ameritrade.

    Grande abraço.

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  3. Jim Rochards, o profeta do apocalipse. O sabichão vem falando a anos que vai estourar um crise, um dia ele acerta.

    Seu produto premium na empiricus foi o maior fiasco, tanto que foi descontinuado.

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    1. Olá Anon,obrigado pela visita

      Realmente ele é o profeta do apocalipse, as ninguém tem bola de cristal. Eu li o livro dele e seus argumento são coerentes, entretanto ele considera o mercado financeiro mundial como um sistema complexo, onde uma premissa diferente pode gerar resultados imprevisíveis.

      Nem sabia que tinha descontinuado, mas é bom ficar atento a essas previsões, capaz de uma hora ele possa acertar...

      Grande abraço.

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  4. Parabéns, excelente texto!

    http://antipoda.com.br/

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    1. Que bom que gostou Mauricio,

      O credito fica para o Henrique Bredda, apenas compilei alguns dados complementares.

      Grande Abraço.

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  5. É uma questão interessante este suposto novo ciclo de alta das commodities. Os gráficos não mostram que entramos num novo ciclo, mostra apenas exaustão do ciclo anterior. Quando olhamos para a economia real, não há motivos claros para que este novo ciclo ocorra. China está com estoques records de minério, enquanto é viável produzir petróleo a partir de xito nos EUA a partir de $50, o que indica que a oferta vai continuar alta.
    Celulose é uma commoditie a parte, muito ligada ao potencial de crescimento dos países asiáticos. à medida que a população sai "da lama" e passa a demandar produtos de higiene pessoal a celulose está aí para ser utilizada como matéria prima.
    Bom, não sei avaliar bem as demais commodities mais relacionadas ao setor de alimentos (açúcar, café, milho, soja, boi etc). Pra mim estas commodites tem demanda mais inelástica e a oferta depende muito do clima... Também não sei o peso de cada uma nesse índice de commodities.
    Pode ser que este novo ciclo de alta das commodites seja mais um ciclo de enfraquecimento do dólar em relação ao Ouro como aponta Jim Richards.
    De qualquer maneira inflação é o que falta para elevação de juros. E provavelmente elevação de juros é o que falta para estourar as bolhas de crédito espalhadas pelo mundo...
    Seguimos monitorando...

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    1. Excelente comentário Investidor de Risco,

      Realmente os gráficos mostram uma exaustão do ciclo anterior. O momento atual e bem diferente de 2003 principalmente por causa da China.
      Outro fator é que as empresas de commodities perderam espaço no S&P500 para as empresas de tecnologia. O mundo mudou, principalmente com o surgimento dos carros elétricos que poderá influenciar definitivamente o preço do petróleo.

      Na minha carteira ainda não há nenhuma empresa ligada a commodities, mas caso apareça a inflação no mercado americano é necessário ter uma estratégia bem definida.

      Seguimos monitorando, grande abraço.

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  6. Olá Aportador!

    Eu concordo muito com o IR acima. É difícil falar em "commoditie" de forma geral. Minério é uma coisa, alimentos são outra. E adivinhar seu futuro, é algo bem complexo. Existem muitas informações que não possuímos, que envolve, principalmente, o mercado chinês.

    Em relação à exposição, eu possuo PETR e VALE, mas nem é para surfar ciclos na verdade. Tenho essas ações apenas para eu poder operar vendas cobertas, pois são as únicas verdadeiramente líquidas no mercado.

    Abraço!

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    1. É verdade André,

      Ainda não é possível afirmar que estamos saindo de um ciclo e entrando em outro conforme o IR mencionou acima. Mas o Brasil pode ser impactado positivamente com o aparecimento de inflação no mercado americano e consequentemente com aumento das commodities.
      Eu tambem pretendo fazer vendas cobertas na minha carteira,ainda não faço por causa dos custos e o tamanho da minha carteira.

      Talvez eu deva ter uma parte da carteira ligadas a commodities para aproveitar este possível ciclo de alta. Vou seguir observando.

      Grande abraço

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  7. Aportador,

    Seu eu falar muito vou chover no molhado mas concordo com o IR e o André. Todo o gráfico explicado faz bastante sentido mas temos que olhar pela janela e ver o que realmente acontece e o que poderá acontecer. Lembra aquela frase de que lucro passado não garante lucro futuro? Então, o mundo se ajeita e evolui e não será diferente com algumas comodities.

    Claro que ninguém vai substituir o café de uma hora para outra mas quem sabe passemos a tomar mais chá? kkkk

    Abraço.

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    1. É verdade BPM,

      A composição dos benchmarks varia ao longo do tempo. Sera que esta correlação é realmente válida? Pelo fato de morarmos no Brasil e possuirmos uma capacidade de exportação de várias commodities, gerando uma balança comercial positiva, incentivando o mercado interno, acredito que algumas empresas de commodities tm um espaço válido na minha carteira.

      Vamos seguir acompanhando. Grande abraço

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  8. Sim, espaço sempre tem só não acho que seja o "bitcoin" do momento kkkkk

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