"It’s tough to make predictions, especially about the future."
(Yogi Berra)
Olá prezados leitores, tudo bem? Hoje irei abordar uma situação que aconteceu no meu ambiente de trabalho que serviu como reflexão. Antes de iniciar o relato devo mencionar que sou servidor público estadual mas não tenho a ilusão de que isso seja garantia de um “futuro estável”. O que me surpreendeu é a completa desinformação que permeia esta discussão entre os demais servidores.
Como funciona a Previdência Pública |
Quanto que eu irei receber na aposentadoria?
A conversa começou com essa pergunta, então eu fui explicar que o valor será 80% das maiores contribuições durante a sua vida produtiva para quem entrou depois de 2003 (EC 41/2003) no serviço publico. Na regra atual, o governo cumprirá com uma contrapartida de R$ 1,37 a cada R$ 1,00 descontado no contracheque, ou seja, se você ganha R$ 6.000,00 e paga 11% do bruto, você contribuirá com R$ 660,00 e o governo contribuirá R$ 904,20 na sua conta, tornando o seu salário de contribuição neste mês em R$ 1.564,20 (660,00 + 904,20).
Mas Aportador, e dai? O que isso significa? Na hora do cálculo do seu benefício, será calculado pelo valor nominal de R$ 1.564,20, portanto se a inflação do período até a sua aposentadoria for maior do que 137% tudo que você pagou de previdência virou lixo. No meu caso particular, faltam 30 anos até lá e tenho certeza que a inflação acumulada em três décadas será maior do que 137%.
Portanto, sendo bem otimista, o valor da aposentadoria será de 50% a 60% do salário da ativa no máximo, isto sem levar em consideração a regra dos 49 anos presente na proposta de reforma da previdência de 2017. De acordo com esta reportagem, média da taxa de reposição nos países da OCDE é de 60,8%, enquanto de quem recebe um salário mínimo é de 100%.
Outro ponto que eu tentei explicar é que quando você está na ativa, é necessário produzir alguma coisa para a sociedade e se você quiser um aumento de salário terá que gerar mais valor para o seu empregador. O aposentado não deve ter ganho real no seu benefício pois não produz mais nada.
Como eu faço para não depender desta pirâmide financeira chamada Previdência Pública?
Eu argumentei que mais importante do que ficar calculando quanto será o valor da aposentadoria é saber se haverá trabalhadores na ativa suficiente para garantir o recebimento da mesma. Não adianta querer receber 100% do salário e o governo não honrar com a sua parte, veja o exemplo do Rio de Janeiro.Beneficiários da Previdência Pública no Brasil |
No momento que eu falei em Tesouro Direto, eu percebi que alguns não tinham a menor idéia de como funciona. Então eu comecei a explicar sucintamente através do Portal do Tesouro Direto, mas preferi indicar alguns sites de educação financeira para que cada um ande com sua próprias pernas.
Em alguns estados já existe a possibilidade de pagar somente até o teto do INSS (fonte), cabendo ao próprio servidor a escolha do que fazer com a diferença. Além disso, os servidores estaduais estarão de fora da proposta de reforma da previdência (fonte).
Conclusões Finais
Acredito que todos que frequentam a blogosfera financeira já sabem dessa máxima, mas não custa repetir: NÃO DEPENDA DO GOVERNO PRA NADA! No meu caso em particular, o que vier é lucro e se eu pudesse escolher, pagaria o mínimo.
Regime de Repartição Simples de Previdência Pública |
Se você for concursado ou está se preparando para entrar no serviço público, entenda que não existe absolutamente nenhuma garantia de aposentadoria, pois nada impede que as regras mudem no futuro. Invista sempre em você para construir seu futuro mais tranquilo.
De acordo com a excelente postagem Como saber se você chegou à independência financeira do Blog Viagem Lenta, em cerca de 10 anos estarei financeiramente independente e isto só depende de mim. Não penso no que o governo vai fazer, se o Brasil vai piorar ou não, pois tento ser flexível o suficiente para não deixar que eventos externos possam influenciar o meu planejamento.
Esta é a mensagem do hoje. Grande Abraço, até a próxima.
Bons esclarecimentos.
ResponderExcluirO problema das pessoas em geral, reside no fato que elas trabalham para se aposentar e acabam não entendendo como funciona o sistema da previdência.
As pessoas deveriam debater mais sobre o tema, não deveriam vender a sua força de trabalho durante a juventude somente com o pensamento na aposentadoria, bem como deveriam entender que não se deve depender do Estado para nada, afinal, o Estado sempre buscará a sua própria sobrevivência.
No geral, no Brasil as pessoas não possuem educação financeira, não sabem o conceito básico das coisas, o que são taxas, tarifas, conta digital, TED, DOC, IOF etc., como funcionam os Bancos, as corretoras, sendo que quando descobrem, partem para o fla-flu financeiro, começam a criticar quem investe somente na renda variável, falam que a poupança não presta, mas investem na previdência privada, sendo que esta, em alguns casos, rende menos que a poupança, criticam quem investe em imóveis, quem investe em ações, fundos, ou seja, acabam se fechando no mundo próprio e se tornam apenas reprodutores da ideia de forma inflexível, sem conhecer as várias vertentes de investimento que podem garantir a aposentadoria sem precisar da previdência, pois não fazem os cálculos necessários para descobrir qual investimento pode ser considerado o mais vantajoso no momento,.
Creio que a reforma da previdência será aprovada, mesmo com tantos posicionamentos contrários, vide o exemplo da França que, apesar das manifestações populares contra a reforma, esta foi aprovada pelo parlamento francês.
Quanto a indicar sites, eu digo que não é uma experiência legal, pois o brasileiro não lê muito, eu prefiro indicar vídeos.
Abraço.
Paulo.
Olá Paulo, obrigado pela visita.
ExcluirConcordo plenamente com as suas observações. Esta crise que estamos enfrentando serve para mostrar que o sistema previdenciário por repartição depende de variáveis que não estão sob o nosso controle. O ideal é que em um momento de dificuldade as pessoas busquem educação financeira, se livrando das dívidas, entendo as várias formas de investimentos disponíveis.
O ponto que eu quis ressaltar nesta postagem é que ser funcionário público não é garantia de nada, pois as regras sempre mudarão para tentar consertar um sistema que é estruturalmente fadado ao fracasso. Concordo com o Leandro Roque no artigo "Uma proposta para uma reforma definitiva da Previdência" (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2589).
Tem um colega daqui do setor que tem 55 anos e nunca poupou nada, vai deixar de pagar a pensão do filho adulto e veio buscar orientação do que fazer com esse dinheiro que vai começar a sobrar mensalmente. Eu não quero me responsabilizar pelo futuro de ninguém, se ele vai ler ou não os links que eu indiquei o problema é dele :)
Grande Abraço.
A reforma realmente é necessária, como será necessária outras reformas futuras, visto que o sistema atual não fecha e nunca fechará.
ResponderExcluirO sistema é tão errado que não consigo entender como as pessoas criticam algo tão visivelmente errado. Como as pessoas não conseguem ver que não há como uma pessoa contribuir por 30 anos com 11% e depois ficar 30 anos(ou mais) recebendo 100%?
Tá claro que a conta não fecha.
Eu sou da opinião de que cada um deve fazer a sua aposentadoria.
Também sou servidor público federal e não contribuo para fundo complementar de jeito nenhum.
O maior canto da sereia do fundo complementar é o "aporte" do governo junto ao seu. Isso não muda nada, visto que vai quebrar de qualquer jeito, assim não importa se o governo colocou X a mais. Ele não vai pagar o prometido do mesmo jeito. Se é que vai pagar.
Se pudesse, eu não contribuiria nem para a previdência pública. Certeza que faria uso melhor desse dinheiro. Mas infelizmente sou obrigado a pagar.
O mal do brasileiro é criticar por criticar. Nem procuram entender. Vão na multidão. Vão nas "idéias" dos sindicatos e movimentos sociais, que, como disse acima, não conseguem ver o óbvio.
Abraço!
Olá Anônimo Servidor Federal, desculpe não responder antes pq seu comentário caiu na caixa de span do blog.
ExcluirEu gostaria de contribuir o mínimo para a previdência pública como existe no funcionalismo federal, entretanto não posso no meu Estado. Quanto maior for a proporção Dívida/PIB e a capacidade de pagar ou rolar a dívida pública ficar mais difícil por não aprovarem as reformas, o salário do funcionalismo começar a atrasar, os aposentados ficarem sem receber, todo mundo vai querer buscar a educação financeira e aí pode ser tarde demais...
Sinceramente, eu gostaria que o Brasil fizesse as reformas e se tornasse um país como o Chile por exemplo. Mas está cada vez mais perto de se tornar uma Venezuela ...
Grande abraço
Olá Aportador!
ResponderExcluirÉ sempre bom saber que existem pensamentos inteligentes e coerentes com a realidade, mesmo imersos em um ambiente totalmente antagônico, como o serviço público. Eu já trabalhei com um curto período de tempo nesse ambiente no início da minha vida profissional e sei mais ou menos como que é...
Parabéns pelo post e pela citação do blog.
Abraço!
André
Olá André, obrigado pela visita.
ExcluirIndependentemente do local onde trabalho, busco ser o mais profissional possível. Pretendo ter a oportunidade de trabalhar no exterior dentro da minha área de formação no futuro, pedindo um licença não remunerada.
A liberdade de escolha é algo que busco na minha vida e sua postagem me mostrou matematicamente quanto tempo alcançarei um tipo de liberdade.
Parabéns pelo seu blog, grande abraço
O negócio tá ficando cada vez mais feio.
ResponderExcluirPois é Einstein,
ExcluirAquele ditado que os jovens recebem: " estude bastante para arrumar um bom emprego para ter uma aposentadoria confortável" é coisa de um passado distante. Mas quem tiver o discernimento correto da realidade terá vantagem sobre a maioria, evitando erros financeiros, colhendo melhores resultados.
A blogosfera financeira tem nos ajudado bastante.
Grande Abraço
Olá Aportador,
ResponderExcluirVocê fez o certo. Não ficar se expondo. O que mais vejo são pessoas reclamando por causa de crise, reforma previdenciária. As pessoas confiam no governo demais, e isso é um erro. Esse choro só vai ser agora devido as notícias, depois disso essas pessoas vão voltar ao "normal".
Abraços.
Isso mesmo Cowboy,
ExcluirAs pessoas ficam passivas perante a vida e acham que algo vai cair do céu de uma hora para outra. Quanto menos você depender do governo melhor, pois há variáveis na vida que você não controla.
Pretendo ser o mais discreto possível para não me expor.
Grande abraço.
Aportador,
ResponderExcluirExcelente texto. Tá mais que discutido essa situação de fazer a própria previdência e não depender do governo. Eu mesmo pagava INSS pra minha mãe mas parei e vou bancar ela por minha conta, no fim não vale ficar pagando todos os meses, é melhor pegar este valor e aplicar até mesmo porque eu teria que bancar ela até que chegasse o prazo pra ela receber.
Com relação à falar sobre investimentos com os outros, isto é muito difícil. As vezes vejo que me torno chato quando toco no assunto. As pessoas não querem saber de economizar mas quando começo a falar sobre minhas viagens, aí a coisa muda de figura.
Ontem mesmo uma amiga me perguntou sobre investimentos. Ela me disse que uma amiga dela passou o contato de uma corretora que iria ajudar a investir. A mulher disse pra ela investir em TD. Eu expliquei que não era bom momento pro TD devido às taxas mas ela disse que a mulher falou que era bom e a amiga dela fazia muito dinheiro com essa mulher. Após uns 30 minutos tentando explicar alguma coisa pra ela eu disse: tá bom então....
Impressionante como as pessoas também acreditam mais em quem não conhecem e se dizem sabedores do assunto mas não escuta uma pessoa por perto.
Olá BPM, você está certo em transformar a previdência da sua mãe de um regime de repartição simples (INSS) para um regime de capitalização (Tesouro Direto).
ExcluirRealmente é muito difícil falar sobre investimentos com as outras pessoas. Se por um lado a gente não quer se intrometer nas decisões financeiras dos outros, pelo outro lado gostaríamos de ajudá-las a refletir sobre o futuro com premissas reais sem idealismo político.
Conheci a blogosfera financeira a pouco tempo, antes disso eu sustentava o sistema. O quanto antes as pessoas acordarem melhor.
Grande abraço
triste de quem conta com o INSS pra se aposentar.
ResponderExcluirJá falei pros meus amigos do trabalho esquecerem o inss, eles fazem cara de idiota como se eu estivesse falando numa língua alienígena.
Vão se ferrar no futuro.
Com certeza Frugal,
ExcluirO que nós estamos fazendo basicamente é sair do regime de repartição simples para o regime de capitalização. Os fundos soberanos de países, por exemplo Noruega, geram riquezas para as gerações futuras.
O ideal seria permitir que cada pessoa administrasse por conta própria os valores de previdência e FGTS, mas isso nunca irá acontecer pois os intermediários e o governo lucram com a ignorância da maioria.
Grande abraço
Comigo já aconteceu algo parecido, quando os colegas estavam debatendo sobre a reforma, déficit, não/déficit, etc. e me pediram a opinião...
ResponderExcluirPuts, mandei a real sem dó nem piedade, até hoje lembro da cara de espanto deles...
Falei que eu não me importo com a reforma, pois pra mim ela é irrelevante, não acredito que vou receber coisa alguma e que daqui 50 anos (quando deveria estar recebendo) a sociedade já vai ter mudado demais e nenhum jovem vai aceitar destinar 1/3 dos seus vencimentos pra pagar aposentadoria dos vários milhões de idosos que haverá no Brasil...
Meu amigo, vi gente engolindo seco, outros dando risadinha irônica... mas o recado foi dado. E depois disso nunca mais abri a boca pra tocar no assunto. Dias atrás uma colega veio me perguntar se eu havia aderido ao funpresp, disse que migrei pro regime de contribuir pelo teto e não boto um centavo a mais na mão do governo, faço minha "previdência" por conta própria.
De todas as pessoas presentes, parece-me que ela foi a única que compreendeu o que eu quis dizer.
Adotei como regra pessoal não falar de finanças com ninguém que não entenda esse mundo, evito aborrecimentos e piadinhas (tá rico, hein, viii a bolsa caiu xx%, governo vai dar calote etc - vão à merda!).
Faz parte, é bíblico, a salvação é individual.